A fachada é o cartão de visitas de qualquer edifício e um revestimento de fachada defeituoso pode passar uma péssima impressão acerca dos serviços prestados pela empresa que realizou sua execução. Um dos tipos de revestimento mais utilizados atualmente é o cerâmico, basta caminhar um pouco pela rua para ver diversos prédios com esse tipo de revestimento e não é necessário muito esforço para encontrar algum com manifestação de patologias. Essas patologias são um problema muito recorrente nas construções, então é necessário conhecer quais são, suas causas e, principalmente, como evitá-las.
Para facilitar a compreensão desses pontos, primeiro vamos entender a composição do sistema de revestimento cerâmico. A imagem a seguir mostra cada camada do revestimento.
- Base ou substrato: Componente de sustentação do revestimento cerâmico, podendo ser de alvenaria ou concreto. Apesar de não fazer diretamente parte do sistema de revestimento possui características que interferem no revestimento. É necessário levar em consideração o seu potencial de movimentação e as possibilidades de fissuração, além de garantir que esteja livre de partículas soltas.
- Chapisco: Aplicado logo acima da base, ele é responsável por uniformizar a absorção da superfície e melhorar a aderência da próxima camada.
- Camada de regularização: Também conhecida como emboço, é responsável por definir o plano vertical e dar sustentação ao revestimento.
- Camada de fixação: É a responsável por unir as placas cerâmicas ao substrato. Para essa cama comumente são usadas as argamassas de cimento e areia dosadas em obra, argamassas adesivas industrializadas ou resinas de reação.
- Camada de acabamento: A camada de acabamento corresponde as placas cerâmicas.
1. TIPOS DE PATOLOGIA
- Destacamentos ou descolamentos
Os descolamentos cerâmicos são os tipos mais comuns dentre as patologias, podendo causar problemas na proteção e isolamento das camadas inferiores. Além disso, eles são bastante perigosos, já imaginou se uma placa cerâmica descola e atinge algo ou alguém que está lá em baixo?
As causas desse tipo de patologia são, geralmente, a falta de juntas de movimentação e assentamento ou assentamento mal executado.
1. Juntas de movimentação e assentamento
A imagem a seguir mostra um exemplo desses tipos de juntas.
As juntas de movimentação e assentamento são responsáveis por absorver as deformações que venham a ocorrer em qualquer camada do revestimento. Essas deformações são comuns devido as mudanças de temperatura, absorção de líquidos, dentre outras causas.
Mas como devem ser executadas as juntas de movimentação?
Elas devem ser a profundadas a até pelo menos 2/3 do emboço, preenchidas com um material deformável e em seguida vedadas com selantes flexíveis. A imagem a seguir mostra de forma detalhada esse procedimento.
Na execução das Juntas de assentamento é necessário garantir que elas tenham largura suficiente para que ocorra a perfeita penetração do rejunte e para que a placa cerâmica tenha acomodação aos movimentos que ocorrem nas diversas camadas do revestimento. Essa largura entre as placas é definida de acordo com o tamanho do azulejo, a tabela a seguir mostra o espaçamento mínimo definido por norma.
2. Deficiências no assentamento
Uma das principais causas de patologias em revestimentos cerâmicos são assentamentos mal executados. É muito comum que na fase de projetos não sejam especificadas as informações sobre a execução do revestimento da fachada, essa ausência de planejamento e, muitas vezes, de mão-de-obra qualificada acabam resultando em patologias. As suas principais causas são, geralmente, preparação inadequada da base, molhagem insuficiente da base comprometendo a hidratação do cimento da argamassa, chapisco preparado com areia fina, argamassa com espessura excessiva, argamassas com cimento em excesso.
É muito importante estar sempre atento para que as superfícies estejam livres pulverulências ou qualquer outro material que possa comprometer a aderência da outra camada. Geralmente, as superfícies são lixadas e lavadas para prevenir esse tipo de problema. Outro fator que não pode ser desconsiderado é o tempo de preparo e aplicação das argamassas, é muito comum que elas sejam preparadas e demorem um tempo acima do recomendado para serem aplicadas fazendo com que percam a sua capacidade de aderência.
- Eflorescências
As eflorescências são formações cristalinas de sais solúveis existentes nas argamassas que compõem o sistema de revestimento, que juntamente com água afloram até a superfície. Além de prejudicar a fachada esteticamente, nos casos mais graves pode acarretar a corrosão das argamassas interiores resultando no descolamento do revestimento.
- Trincas, fissuras e gretamento
Qual a Diferença entre cada uma dessas patologias? As trincas são aberturas maiores que 0,5 mm e menores que 1 cm, provocadas por esforços mecânicos, como a tração, compressão, flexão, cisalhamento ou torção, que causam a separação da placa em diversas partes. As fissuras são aberturas maiores que 0,05 mm e menores que 0,5 mm que não são capazes de provocar rompimento nas placas e, geralmente, são causadas por falhas construtivas, como a ausência de juntas. O gretamento é formado por uma série de aberturas menores que 1 mm que ocorrem na superfície esmaltada das placas cerâmicas, tendo a expansão por umidade como uma das responsáveis mais comuns
Para evitar esse tipo de patologia é necessário garantir a compatibilidade de dilatação entre as camadas, evitar infiltrações que possam inchar as placas cerâmicas e realizar a execução das juntas de movimentação e assentamento de modo adequado para evitar que as placas cerâmicas sofram a ação de forças exageradas causando esse tipo de tipo de problema.
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REFERÊNCIAS
FANTINI, Paloma R. Patologias em revestimentos cerâmicos em escolas em Maringá-PR. Maringá-PR. 2010. Disponível em: < https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/34376/FANTINI%2C%20PALOMA%20RODRIGUEZ.pdf?sequence=1&isAllowed=y >.
FIGUEIREDO, Geraldo Josafá. Patologias em revestimentos de fachadas – Diagnóstico, prevenção e causas. UFMG. Belo Horizonte – MG. 2017. Disponível em: < http://pos.demc.ufmg.br/novocecc/trabalhos/pg4/159.pdf >
PARENTE, Lawton. Queda de cerâmica da fachada – O que fazer?. 24/05/2016. Disponível em: < http://lawtonparente.blogspot.com/2016/06/queda-de-ceramica-da-fachada-o-que-fazer.html >. Acessado em: 18/01/2019.