A cidade, uma área urbanizada que se diferencia das vilas por vários critérios, é o local onde são realizadas as trocas entre grandes e pequenos negócios como também a interação social e cultural entre as pessoas.
Além disso, pode-se afirmar que, nos últimos anos, houve um crescimento excessivo das favelas e dos empregos informais. Consequentemente, as moradias localizadas em locais de preservação ambiental ou outros locais impróprios para construção subiram proporcionalmente.
1. SITUAÇÃO ATUAL DAS MEGACIDADES BRASILEIRAS
Nas grandes cidades, conhecidas como megacidades, há registros de diversos problemas graves:
→ Poluição ambiental, seja sujando os rios por lixo industrial ou poluindo o ar através dos gases provenientes das queima dos combustíveis fósseis;
→ Acúmulo de lixo;
→ Falta de áreas verdes, por causa dos desmatamentos constantes, o que ocasiona o aumento de temperatura e agrava a poluição do ar;
→ Desigualdade social, educação falha, violência e outros.
Outra característica delas é a tomada das áreas centrais urbanas pelo abandono e, consequentemente, a degradação urbana de espaços com altíssimo potencial de desenvolvimento, já que são dotados de preciosa infraestrutura e localização privilegiada.
O sucateamento dessa região proporciona a criação das cidades dormitórios em regiões afastadas dos grandes centros, ou seja, locais sem a oferta mínima de empregos e serviços básicos (saneamento, eletricidade, fornecimento de água potável de qualidade). Por fim, as cidades dormitórios geram um deslocamento considerável todos os dias, provocando extensos congestionamentos em avenidas principais de entradas e saídas da cidade!!! (Figuras 2, 3 e 4).
Já pensou se o Poder Público revitaliza a região central de sua cidade, tornando-a atrativa para os comerciantes, empresários industriais, moradores e outros?! Aluguéis mais baratos, incentivos fiscais e tanto outras oportunidades.
Na contramão do citado, os Órgãos Governamentais permitem a construção de conjuntos habitacionais distantes das áreas urbanas consolidadas, os quais influenciam na dificuldade do uso e ocupação do solo. Esse processo de periferização prejudica a todos, principalmente, os futuros moradores, já que haverá a deficiência em atendes as demandas por infraestrutura e serviços públicos. Os hospitais, escolas, creches e tantos outros exemplos serão distantes da moradia do cidadão.
Esse evento, conhecido como espraiamento urbano, é terrível também no aspecto ambiental já que se dá, principalmente, em áreas antes conservadas ambientalmente e com área nativa. Ou seja, a dispersão urbana é o oposto ao sugerido para uma cidade sustentável.
Nesse contexto, é possível visualizar que as atuais megacidades precisam se reinventar, já que aproximadamente 2/3 do consumo mundial de energia e aproximadamente 75% de todos os resíduos gerados ocorrem nelas.
Logo, tudo as consequências decorrentes das mudanças climáticas de forma geral, como as chuvas ácidas, redução da camada de ozônio e ilhas de calor está intimamente ligado às cidades não sustentáveis, ou seja, a solução precisa tratar a sustentabilidade como o centro das medidas socioeconômicas. Algumas soluções construtivas já foram citadas no post de Construção Sustentável.
Claro que não há apenas exemplos negativos. Muitas metrópoles, em parceria público-privado, têm conseguido reverter o espraiamento, como a transformação de áreas industriais obsoletas em projetos urbanos sustentáveis e agradáveis à população. Logo, o espaço central torna-se organizado de maneira racional, de forma democrática para que as pessoas se sintam à vontade para realizar mais atividades na cidade e em espaços abertos ao público (praças e outros). A figura 5 demonstra a situação das áreas verdes nas cidades ao longo dos anos.
2. GREEN CITIES E SMART CITIES
Como visto anteriormente, a cidades sustentáveis são necessariamente compactas e densas. Para embasar isso, basta apenas visualizar a origem das cidades modelos nas últimas competições internacionais das “green cities” (Barcelona, Cingapura, Nova York e etc).
Diretamente associado a esse termo, há as smarts cities que atrelam o sistema sustentável com as soluções inteligentes cujo intuito é defender a reformulação radical das cidades na era da economia global e da sociedade baseada no conhecimento. Essas regiões têm promovido a total regeneração urbana, atraindo empresas principalmente tecnológicas para áreas anteriormente abandonadas. Ou seja, utilizam as tecnologias verdes aliadas à gestão inteligente.
Alguns aspectos:
→ Sistema de mobilidade inteligente;
→ Ambientes inovadores/criativos;
→ Habitação acessível/diversificada.
Uma ideia acerca do sistema de mobilidade inteligente é a respeito dos carros.
No século XXI, pode-se observar que a maioria das viagens é:
- Realizada por uma pessoa ou duas;
- A velocidade média é de menos de 20 km/h;
- As distâncias são curtas, a necessidade de autonomia de percursos é pequena;
- O grande problema não se refere ao desempenho automobilístico e, sim, à falta de lugar para deixá-lo uma vez que 75% do tempo ele está parado.
As possíveis soluções estariam ligadas aos carros smarts: pequenos, leves, de baixíssimo consumo e movidos a matriz energética limpa. Além disso, o compartilhamento de carros e bicicletas também é uma boa solução, diminuindo a emissão de poluentes.
Deixa-se de ser proprietário de bicicletas e carros para ser usuário.
3. A CIDADE SUSTENTÁVEL BRASILEIRA – PEDRA BRANCA EM SANTA CATARINA
Essa cidade universitária (Figura 10) começou a ser desenvolvida em 1997, onde a maior parte das terras estava destinada à agropecuária. Percebendo o potencial de crescimento da Grande Florianópolis, decidiu-se implantar um projeto de urbanização. O primeiro passo foi torna-se sede da faculdade Unisul ao ceder um amplo terreno.
Em parceria com a faculdade, diversas medidas em prol do ambiente foram adotadas.
Alguns dos pilares dos planos: Preocupação com os pedestres, as construções sustentáveis e a qualidade dos espaços públicos, além de toda uma infraestrutura de alta performance desenvolvida para as áreas de tecnologia e saúde.
Explicação dos conceitos:
Prioridade ao pedestre = Estímulo à locomoção a pé, com menor uso do automóvel, fugindo-se do sedentarismo e dos ambientes fechados. Ruas limpas, seguras, arborizadas, pouco ruidosas, com calçadas amplas, dotadas de mobiliário urbano confortável, iluminação adequada, sinalização e com total acessibilidade.
Sustentabilidade e alta performance do ambiente construído = Edificações projetadas e construídas com o emprego de materiais e técnicas de baixo impacto ambiental, de baixo consumo de energia, de baixa geração de gases do efeito estufa. Uso intenso de iluminação e ventilação naturais, aquecimento solar, água de chuva e muitos outros itens dentro das recomendações do sistema LEED, a mais importante certificadora mundial de prédios verdes;
Espaços públicos atraentes e seguros = Ponto de encontro; marcos de referencia urbana; palcos das manifestações culturais e de estímulo ao contato com a natureza e outras pessoas. Ambientes seguros e atraentes, que trazem animação, surpresa e bem estar para todos;
A missão de Pedra Branca é “Melhorar a cidade para as pessoas” e a visão, “Ser um dos melhores lugares para viver até 2020”
Além do citado, a cidade foi escolhida para participar do programa de desenvolvimento positivo do clima. Esse programa apoiará o desenvolvimento de projetos urbanos de larga escala que demonstrem que as cidades podem crescer de forma “positiva para o clima”. Os empreendimentos imobiliários Positivos para o Clima investirão esforços para reduzir a quantidade de emissão local de CO2 para abaixo de zero.
4. CONCLUSÃO
O desenvolvimento sustentável trata-se do grande desafio atual para os governos e as empresas, exigindo mudanças na gestão pública e nas formas de governança, demandando maior participação da sociedade e obrigando o mundo a rever os padrões de conforto típicos da vida urbana, como o uso exacerbado do carro à redução da emissão de gases.
Portanto, a reinvenção das megacidades por modelos de desenvolvimento sustentável é de suma importância para o mundo atual e futuro. Um bom exemplo da mudança de mentalidade é a reforma das instalações obsoletas, por exemplo, os velhos encanamentos de Londres, por onde vazam milhões de litros de água ou até a oportunidade que São Paulo tem em transformar áreas centrais (Barra Funda ao Brás, Mooca e Ipiranga) que são desativadas produtivamente e pouco habitadas em algo totalmente diferente, já que estão bem localizadas e com ótima rede de infraestrutura.