Neste post, você entenderá boas práticas para instalação do canteiro de obras com foco em segurança do trabalho.
1.1 ALMOXARIFADO
Os almoxarifados correspondem às áreas que não estão ligadas diretamente a produção, mas que são de vitais importâncias para que o trabalho seja desenvolvido.
Além da função de armazenagem, o almoxarifado controla a entrada e saída de materiais e ferramentas, por todas essas funções ele deve se localizar, de preferência, próximo ao ponto de descarga de caminhões, transportes e do escritório da obra.
Inicialmente, deve-se atentar para as especificações dos materiais e o seu correto armazenamento.
A fim de facilitar a identificação de diversos tipos, é importante ter na obra:
– Catálogos, como da Amanco (www.amanco.com.br) e Tigre (www.tigre.com.br);
– Amostras dos materiais que serão utilizados (Figura 1);
No âmbito de armazenagem de materiais, temos as seguintes práticas:
- Separação e posterior identificação dos materiais (Figura 2):
Figura 2 – Forma correta de armazenagem dos materiais no almoxarifado.
- Armazenamento do aço sem contato direto com o solo e separado por bitolas, com as respectivas identificações (Figuras 3 e 4):
Figura 3 – Armazenamento inadequado do aço.
Figura 4 – Armazenagem do aço identificado da forma correta.
- Armazenamento do cimento utilizando a teoria da gravidade a seu favor, economizando no despendido de energia no ato do movimento. (Figuras 5 e 6):
Figura 5 – Deslocamento do saco do cimento com o auxílio da gravidade.
Figura 6 – Armazenagem dos sacos dos cimentos.
- Armazenamento de areia e brita (Figura 7):
- Armazenamento de outros materiais:
Chapas de compensado
» Se não houver local coberto para armazená-las, utilizar lona ou qualquer proteção contra intempéries.
» A estocagem é horizontal, para que o produto não empene.
» A pilha não deve exceder 1 m de altura.
» As chapas devem ser suspensas por pontaletes, sem encostar diretamente no piso.
Cerâmicas de revestimento
» A armazenagem deve ser feita em local coberto e protegido.
» A altura máxima das pilhas, sobre estrado de madeira, é indicada na embalagem pelo fabricante.
» As caixas devem ser organizadas por tipo de cerâmica, tamanho, cor e modelo das peças.
Tubos e conexões
» Devem ser armazenados ao abrigo do sol e separados por tipo de junta e por diâmetro.
» A altura máxima de empilhamento não deve ultrapassar 1,80 m.
» Não se deve colocar um tubo dentro do outro para economizar espaço.
» As conexões são mantidas fechadas na embalagem para evitar extravios ou contato com intempéries.
» Se as conexões forem fornecidas soltas, devem ser guardadas em caixas separadas e etiquetadas segundo tipos de linha, junta, marca, série, diâmetro e classe.
Materiais elétricos (fios, tomadas, interruptores, disjuntores, etc.)
» São armazenados em locais fechados para evitar extravios e exposição às intempéries.
» Os produtos devem ser separados em prateleiras e identificados.
» Manter as peças dentro de suas embalagens originais até o dia da instalação.
1.1.1 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DO ALMOXARIFADO
A fim de economizar energia elétrica, os almoxarifados deverão obedecer ao exemplo a seguir (Figuras 8 a 12).
Figura 8 – Iluminação com garrafas PETs do Almoxarifado.
Figura 10 – Instalação da iluminação do almoxarifado.
PASSO 1 – Primeiro, marque onde serão instaladas as garrafas PET. Em seguida, utilize a própria garrafa para medir o diâmetro do furo a ser feito no telhado de fibrocimento;
PASSO 2 – Execute o furo com uma serra-copo. Para que haja o encaixe, o buraco deve ser do mesmo tamanho do diâmetro da garrafa. Recomenda-se que 40% da garrafa fiquem acima do telhado;
Figura 11 – Suporte e vedação dos espaços no entorno da garrafa com as telhas.
PASSO 3 – Após encaixar a garrafa, amarre um arame em sua tampa. Esse arame será fixado na estrutura de ferro que será presa no telhado;
PASSO 4 – A vedação da garrafa, para evitar infiltrações, deve ser feita em silicone.
PASSO 5 – A fixação da garrafa é feita por uma espécie de gaiola, que pode ser produzida com sobras de ferro da própria obra. Essa estrutura é parafusada no telhado e, em seguida, a garrafa é presa nela com arame.
1.2 ÁREAS ADMINISTRATIVAS (SALA TÉCNICA)
O escritório da obra é um espaço isolado onde são desenvolvidos trabalhos relacionados gestão da obra. Nesse local, engenheiros, estagiários, mestres e técnicos controlam as frentes que já estão em execução e preparam as próximas.
Nesse local, devem-se controlar os documentos relativos à gestão da obra da forma exemplificada nas figuras seguintes (Figuras 13 e 14).
Figura 13 – Exemplos do correto armazenagem dos projetos e arquivos.
Figura 14 – Outro exemplo de controle dos documentos e projetos.
1.3 ÁREAS DE VIVÊNCIA
1.3.1 INSTALAÇÕES SANITÁRIAS
Instalações destinadas aos cuidados de higiene pessoal que segundo a NR-18 deve conter um lavatório, um vaso sanitário, e um mictório para cada grupo de vinte trabalhadores ou fração e um chuveiro para cada grupo de 10 trabalhadores ou fração (Figuras 15, 16 e 17).
Figura 15 – Instalações hidrossanitárias do vestiário.
Figura 16 – Importância da limpeza periódica.
Figura 17 – Banheiro Químico que poderá ser locado entre pavimentos para economizar no deslocamento dos funcionários.
A fim de embasar a decisão de colocar um banheiro químico entre pavimentos de um prédio, pode-se dizer que:
Em um prédio padrão com 23 andares, onde cada pessoa leva em média 30 minutos para sair do local de trabalho, locomover-se em um elevador ou em escadas, esperar e utilizar o banheiro no Térreo e, finalmente, voltar ao mesmo posto de trabalho. Além disso, é possível estipular a ida 2 vezes ao dia e um contingente de 100 funcionários. Logo, a perda produtiva por dia seria de 100 horas de trabalho perdidas por dia, o que corresponde em 22 (Dias úteis) x 100 horas = 2200 horas de trabalho por mês. Por outro lado, o tempo poderá ser reduzido à metade com um banheiro químico em um pavimento intermediário.
1.3.2 VESTIÁRIOS
Os vestiários são locais destinados à troca de roupa e estes devem conter, segundo a NR-18, armários individuais dotados de fechadura ou dispositivos com cadeado e bancos em número suficientes para atender aos funcionários.
É essencial ter um conjunto de armários para que os funcionários consigam armazenar os seus objetos pessoais (Figura 18). Salienta-se que é inadmissível a disposição de materiais tais como exemplificados a seguir. (Figuras 19 e 20).
Figura 18 – Armários com cadeado.
Figura 19 – Exemplo inaceitável.
Figura 20 – Outro exemplo inaceitável.
1.3.3 LOCAL DE REFEIÇÕES
O refeitório é o local onde as refeições são efetuadas e que segundo a NR-18 deve conter lavatórios instalados em suas proximidades ou no seu interior, mesas com parte superior liso e lavável, assentos em número suficiente para atender aos usuários e depósito com tampa para os detritos (Figura 21).
Figura 21 – Exemplos de mesas para refeições.
1.4 ÁREAS DE PRODUÇÃO
1.4.1 CENTRAL DE CARPINTARIA
A central de carpintaria deverá seguir alguns parâmetros (Figura 22):
- Provida de coifa protetora do disco e o cutelo divisor;
- Ter carcaça do motor aterrada eletricamente;
- Ser dotada de mesa estável, construída em madeira resistente;
- O disco deve ser mantido afiado e travado, substituindo-o quando apresentar trincas, dentes quebrados ou empenamentos;
- Ter extintor próximo.
Figura 22 – Equipamentos de segurança para central de carpintaria.
Por outro lado, esta foto demonstra o que não fazer em uma central de corte de madeira (Figura 23).
Figura 23 – Métodos incorretos de trabalho.
1.4.2 CENTRAL DE BETONEIRA
A central de betoneira deverá ser coberta e dispor de materiais de segurança (Figuras 24, 25 e 26). O local de colocação dos materiais deverá estar ao nível do solo, para que não haja dificuldades para os funcionários envolvidos no processo.
Figura 24 – Materiais de segurança presentes na central de betoneira
Figura 25 – Betoneira com equipamento/caçamba no nível do solo, facilitando o trabalho do betoneiro.
Figura 26 – Exemplo dos equipamentos próximos às baias.
1.4.3 CENTRAL DE CORTE E DOBRA DE AÇO
Por fim, há a central de corte e dobra de aço, a qual não irá diferir das já citadas, ou seja, tem que focar no âmbito de segurança do trabalho e estocagem dos materiais (Figuras 27 e 28).
Figura 27 – Estocagem dos materiais.
Figura 28 – Equipamentos de segurança.
1.5 ÁREAS PROGRAMAS, DOCUMENTOS E OUTRAS MEDIDAS DE SEGURANÇA
Nos últimos anos, registraram-se diversas mortes provocadas por acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, causadas principalmente, pela falta de controle do meio ambiente de trabalho, do processo produtivo e da orientação dos operários.
Muitos destes acidentes poderiam ser evitados se as empresas tivessem desenvolvido e executado os programas de segurança e saúde no trabalho, além de dar uma maior atenção à educação e treinamento de seus operários. As imagens a seguir têm como objetivo demonstrar os métodos corretos e incorretos de administrar a segurança do trabalho (Figuras 29 a 37).
Figura 29 – Placas indicativas.
Figura 30 – Áreas de risco isoladas.
Figura 31 – Exemplo de quadros elétricos no canteiro.
Figura 32 – Comparativos de quadros elétricos.
Figura 33 – Escadas deverão possuir guarda-corpo.
Figura 34 – Escadas e rampas deverão possuir guarda-corpo.
Figura 35 – Tipos de extintores e seus respectivos usos.
Figura 36 – Exemplos de sinalização de segurança.
Por fim, para termos um conjunto de andaimes seguros, é importante seguir as medidas de segurança, como as citadas acima. Além disso, salienta-se que os andaimes não poderão ter suas bases apoiadas em tijolos e nem serem montadas sem a supervisão de um funcionário treinado.
1.5.1 PROGRAMAS DE SEGURANÇA
Há diversos programas que regulamentam a segurança na construção civil, como:
- PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) = preservação da segurança e saúde dos trabalhadores e proteção ao meio ambiente e recursos naturais.
Normatizado pela NR – 9, o programa citado tende para a parte de Higiene Ocupacional preocupando-se com as etapas de Antecipação, Reconhecimento, Avaliação e Controle dos Riscos ocupacionais, buscando evitar doenças ocupacionais ou do trabalho e até acidentes de trabalho.
Já o PPRA na indústria e na construção civil é obrigatório a partir de 1 trabalhador regido pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
- PCMAT (Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção) = prevenção dos riscos e a informação e treinamento dos operários que ajudarão a reduzir a chance de acidentes, assim como diminuir as suas consequências quando são produzidos.
Normatizado pela NR – 18, esse estudo tende mais para a parte de evitar acidentes de trabalho. O PCMAT é destinado para construção civil. Desde que a obra tenha entre 20 ou mais empregados o PCMAT deve ser realizado.
Na prática esse item mostra que PPRA e PCMAT acabam formando um único documento, ainda com o nome de PCMAT.
“NR 18.3.1.1. O PCMAT deve contemplar as exigências contidas na NR 9 – Programa de Prevenção e Riscos Ambientais.”
- PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) = Promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores, normatizado pela NR -7.O PCMSO estabelece a realização de exames médicos admissionais, periódicos, retorno ao trabalho, mudança de função e demissional. Assim como tem o objetivo prevenir, monitorar e controlar possíveis danos a saúde e integridade do empregado e detectar riscos prévios, especialmente no que diz respeito as doenças relacionadas ao trabalho.
- 1.5.1.1CHECK-LIST BÁSICO PARA CANTEIRO DE OBRAS
Este check-list visa à padronização do mínimo necessário aos canteiros da empresa.
Link > ACESSAR O CHECKLIST
1.6 LAYOUT DE CANTEIRO
Este LAYOUT DE CANTEIRO visa padronizar os métodos construtivos para uma equipe de 20 a 30 funcionários, alguns parâmetros deverão ser seguidos:
- Depósito de cimento: Deve ser dimensionado pelo estoque máximo previsto (O dimensionamento da área necessária será feito com base no índice de 10 sacos por metro quadrado no min.).
- Baias de brita e areia: Deve ser dimensionado pelo estoque máximo previsto, que deverá ser definido pela necessidade máxima diária do consumo na obra e pela capacidade do(s) fornecedor (es) de repor o estoque na hora certa. A altura média da areia em estoque deve ser considerada de 1,0m para fins de cálculo da área necessária.
- Betoneira: Deverá ser um ambiente coberto, com extintor de incêndio próximo. Deve-se locar esse equipamento ao lado das baias de brita e areia e depósito de cimento.
- Depósito de Aço: Deverá ter um comprimento mínimo de 15 metros e largura mínima que permita armazenar o aço por bitola e permita a sua retirada e condução à bancada de corte.
- Central de Corte e Dobra de Aço: Deverá ter um comprimento mínimo de 15 metros e largura suficiente para a entrada dos vergalhões e a saída do aço cortado. Terá que ser coberto.
- Central de Carpintaria: Deverá seguir os padrões de segurança explicitados anteriormente.
Além desses ambientes, há o almoxarifado, refeitório, banheiros, vestiário e sala técnica, os quais estão em anexo na figura 38.
Figura 38 – Layout de canteiro padronizado para obra de pequeno porte (20 A 30 funcionários).
1.7 CONCLUSÃO
Portanto, esse documento tem como objetivo padronizar a maneira de trabalhar no âmbito de canteiro de obras e segurança do trabalho, ou seja, unificando todos os parâmetros adotados. Há ainda exemplos de boas práticas, de acordo com as normas vigentes, a serem obedecidos por todos os funcionários.